sexta-feira, 9 de julho de 2010

Relação de um dependente com a família

Por Gisele de Oliveira



O consumo de drogas não afeta somente o dependente químico, os familiares e as pessoas mais próximas acabam passando por desafios na tentativa de ajudar a pessoa a se libertar do vício.
O dependente químico altera o seu comportamento em função das drogas e isso passa a ser percebido pelas pessoas que estão ao seu redor.
Na maior parte das vezes há uma rejeição por parte da família em aceitar o estado em que se encontra uma pessoa que tanto amam. Segundo Leila Weinschutz, seu irmão Felipe havia se transformado em uma pessoa que ela desconhecia e assim, ela começoui a desconfiar de que ele estaria se envolvendo no mundo das drogas. “Ele mentia muito, era agressivo e sempre estava sumindo dinheiro na minha casa” conta.
Felipe chegou a ser preso por estar drogado e começar fazer vandalismo na rua. Na cadeia acabou apanhando muito. Foi então que finalmente resolveu pedir ajuda a irmã “Quando soube que ele estava preso fui conversar com ele e ele me pediu ajuda, disse que não queria passar por aquilo. E assim, contratei uma advogada para tirá-lo de lá. Quando ele finalmente saiu me perguntou como eu poderia ajudá-lo e eu o levei para uma clínica de tratamento para drogados”.
Durante o período de desintoxicação a necessidade de falar com o irmão era grande, mas o medo de traficantes quererem matar a família era maior, uma vez que Felipe estava devendo na boca de fumo. Leila fez empréstimos no banco e pagou a dívida “o amor pelo meu irmão me fez ajuda-lo, jamais pensei em desistir” conta.
Um desafio que os dependentes encontram após o tratamento é a necessidade de voltar ao convívio da família e ter deles confiança, que é abalada por causa do vício “Por diversas vezes pedia aos meus pais para confiarem nele”. Ele precisava olhar para a família e sentir apoio. “Ninguém conseguia deixar a bolsa perto dele com medo de ser roubado”, afirma.
Segundo a psicóloga Raquel Vieira, especialista em dependência química, ao contrário de outras doenças, o uso de drogas é uma patologia coletiva, pois afeta profundamente todos aqueles que estão ligados afetivamente ao usuário, que recebem o nome de co-dependentes. “É importante que a família não se isole e busque ajuda não só para o dependente, mas também para si”.