segunda-feira, 21 de junho de 2010

um lamento...

Petrópolis 21 de junho de 2010.
Semana passada fui ao dentista e me deparei com uma cena muito triste!
Um mendigo estava dormindo debaixo da ponte.
Estava muito frio e eu quase não conseguia me movimentar direito ...
Vinha na rua pensando em chegar rápido em casa e tomar um banho quentinho, colocar meu pijama e jantar...
Depois que vi aquele homem lá em baixo, com um pequeno cobertor, que seria sua defesa contra o frio... fiquei pensando em como as pessoas sofrem...
Não sabia o que fazer.... meu coração ficou inquieto e tive que contar para muitas pessoas o que tinha visto...
Um amigo me disse que é comum e para muitas pessoas passa despercebido...
Eu sinceramente... Fiquei chocada e indignada ao mesmo tempo... Onde estão as pessoas do poder público???
Ninguém fará nada???
Não sei...
Talvez para aquele homem lá em baixo só restava a esperança de chegar rápido o sol no outro dia... Ou talvez ném isso....

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Minha história...

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma regra era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

(Cecília Meireles)

Obs: Descobri que o pobre era Deus...